Em 1962 abre portas o Atenas num local onde, até então, funcionara uma mercearia que comercializava lenha, petróleo, café e vinhos. Um ponto de venda que – conta quem viu – era aprovisionado por uma junta de bois. Possuidor de várias roças de café em Angola, João Cândido Figueiredo, natural de Castro D’aire e ex-proprietário do café “Angola” em Gaia (Porto), foi o responsável pela abertura do estabelecimento, quando, recém-chegado a Coimbra, escolhe a esquina da Lourenço de Almeida Azevedo para repetir a experiência na restauração e inaugurar aquela que virá a ser uma das cervejarias mais conhecidas da cidade – o Atenas.
Adelaide e Acácio Quaresma foram os senhores que se seguiram. Acácio fora empregado de Cândido Figueiredo no café Angola, em Gaia. Passaria, depois, por casas de prestígio na cidade do Porto, mantendo-se sempre como o “homem de confiança” do amigo. Depressa viria a ser convidado para tomar as rédeas do Atenas, desafio que veio a aceitar em 1963. Recém casados (chegam ambos do Norte), a lua-de-mel coincide com o início da nova gerência do estabelecimento, estipulada para três anos e prorrogável por igual período. Resistiria no entanto 30, a última década já com Adelaide como a única timoneira, depois da morte do marido em 1983.

Cidade estudantil por natureza, foi em Coimbra que nasceu a Queima das Fitas, no início do século XX. De portas abertas na esquina do cimo da rua, o Atenas viu crescer uma festa que, em pouco tempo, alcançou fama nacional e depressa transpôs fronteiras.
A Casa enchia na semana académica, em particular aquando do Baile de Gala das Faculdades, pois está situado mesmo ao fundo das escadas que levam ao José Falcão (Escola Secundária) – durante décadas, salão do evento – o Atenas era o ponto de encontro das estudantes cartoladas que ali se reuniam, encantadoras e elegantes nos seus vestidos de gala para o Chá Dançante, ponto alto da festa de maio.
Noites de glamour e de elegância que faltaram durante os 11 anos em que não houve Queima. Fruto das crises estudantis de 69, houve um interregno da festa académica que só terminaria em 1980. Estava decretado o luto académico, período de pesar que o Atenas ajudou, certamente, a suportar.

Em terra de estudantes quem tem boa cerveja é rei, e os finos do Atenas já fazem parte da história.
E de boa cerveja se faz a história desta terra. Recorde-se que foi aqui que operou, até 2002, na zona norte da cidade, a Fábrica de Cervejas de Coimbra. Durante mais de meio século, produziram-se aqui duas grandes marcas, de grande fama nacional e consideradas como as melhores da Europa: a Topázio (branca) e a Onix (preta).
Uma tradição cervejeira que foi desaparecendo na última década, depois do encerramento da Fábrica, construída em 1930 e quatro anos depois integrada na Sociedade Central de Cervejas.
A nacionalização das Companhias de Cerveja na década de 70 abala o setor para, nas décadas de 80 e 90, a produção se começar a ressentir e a definhar.

“Um café de estudantes e para se estudar”, assim define Adelaide a sua casa de outrora. As mesas executadas a preceito tinham mesmo uma base onde os pupilos de Coimbra colocavam livros e sebentas. Num tempo em que a vida académica e coimbrã aconteciam na Alta, o Atenas era quase sempre o ponto de encontro da maioria.
Entre muitos outros, José Afonso, a par de António Bernardino, eram clientes assíduos. Duas grandes vozes do fado que por aqui passavam, tendo protagonizado momentos únicos.
Adelaide Quaresma retirou-se em 1993 e, entretanto, outro nome surgia para ficar ligado à história do Atenas: o de Rogério Alves, que conseguiu fazer a ponte entre gerações e muitos recordam, em particular, o bom ambiente que então notabilizou o café e que, sem esforço, ainda hoje é preservado, fruto do convívio entre gerações.
José Quintans chegou ao Atenas em 1998. Desde os 15 anos passou por diferentes experiências e estabelecimentos. Todas cervejarias conceituadas da Alta e da Baixa de Coimbra. Em 2002, já altamente familiarizado com o negócio, ficou com a concessão do Atenas. Portugal e a Europa aderiam à moeda única, o Atenas entrava assim numa nova era.

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