
“Lição de sonho e tradição”. Assim se canta e conta Coimbra, cidade erguida nas margens do rio Mondego, para sempre eternizada na melancolia dos fados que a celebram.
As ruas estreitas e as escadinhas, os pátios e os arcos medievais fazem desta uma cidade única. Dividida entre a Alta e a Baixa, foi berço da primeira Universidade do país e uma das mais antigas da Europa, destacando-se há seculos como cidade de História, de tradição e de saber.
É o Fado de Coimbra, desde sempre ligado às tradições académicas e nascido da guitarra portuguesa, que dita o ritmo da cidade dos estudantes, que entretanto viu a Universidade e a Alta integradas na lista de Património Mundial da Unesco.
A Universidade
A notoriedade da cidade de Coimbra deve-se em grande parte à Universidade fundada em 1290 por D. Dinis, cujo diploma que certifica a criação do primeiro “Estudo Geral” Português comemorou em 2015 o seu 725º aniversário tornando-a por si só numa raridade mundial.
Curiosamente foi na Baixa da cidade, na Rua da Sofia (nome que tem origem no grego sophia, que quer dizer literalmente sabedoria) que a história da Universidade de Coimbra se erigiu.
Uma rua que rasgou o medievalismo urbano para se tornar num eixo absolutamente moderno para a sua época. Ao todo, 27 colégios deram vida a esta rua. Sete deles mantêm-se como testemunhos atuais da história da Universidade.
Esta rua começa na Igreja de Santa Cruz, Panteão Nacional, onde D. Afonso Henriques e D. Sancho I estão sepultados.
No Pátio das Escolas sobrepõem-se camadas de história – os vestígios romanos e a alcáçova moura, sobre os quais se ergue o edifício onde nasceram quase todos os reis portugueses da primeira dinastia.
Basta passar a porta férrea para dar um salto no tempo e seguir viagem pelas grandes e pequenas histórias.
Exibe-se também neste pátio a ostentação de riqueza e sabedoria que é a Biblioteca Joanina, considerada por várias publicações internacionais como a mais bela biblioteca universitária do mundo.
No Colégio de Jesus, existe o mais impressionante Gabinete de Física do mundo, que faz parte do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, vencedor de vários prémios internacionais.
O Laboratório Chimico, de construção puramente Iluminista para o ensino prático das ciências em que o trabalho laboratorial se tornou central na formação de médicos, farmacêuticos ou engenheiros
Outra obra notável e emblemática do tempo do Marquês de Pombal é como não poderia deixar de ser o Jardim Botânico. São 13 hectares que surgem como prova da expansão europeia por outros continentes e pelo interesse despertado pelo contacto com plantas e animais exóticos.
Nos anos 40 a 60 do século XX, resultado de uma grande reforma que mudou a face da Universidade através de uma operação de total reorganização urbanística da zona, nasce o Polo I da Universidade de Coimbra, núcleo que marca a contemporaneidade da Alta, em tempos feita de ruas sinuosas que desapareceram para dar lugar a um campus universitário modernista.
Para a sua conceção, construção e decoração foram chamados os melhores da época: Cottinelli Telmo, Cristino da Silva, Abel Manta, Almada Negreiros.Aqui se concentrou a Universidade antes de um outro movimento de expansão urbanística para outras zonas da cidade.A partir desta Universidade, que durante séculos foi a única no mundo português, estudava-se o mundo, por aqui passavam as elites do mundo que fala português, muitos dos que contribuíram para a afirmação da língua: Antero de Quental, Camilo Pessanha, Eugénio de Castro, José Afonso, Eça de Queirós, Alexandre Herculano, Antero de Quental.